domingo, 23 de dezembro de 2012

Apresentação

Este blog propõe-se discutir as relações entre a produção literária no Brasil, desde os primeiros estágios de sua colonização até o advento do Romantismo, e o processo de formação de nossa nacionalidade. O conceito de Nação ganha forma no século dezenove, que é também o momento de constituição dos estados nacionais na Europa e nas antigas colônias. É também nesse momento que no Brasil começa-se a perguntar o que seria uma literatura nacional. O nacionalismo nas letras manifesta-se como uma recusa da colonização cultural e da importação de modelos estrangeiros, como foi o caso em alguns períodos de nossa história com o Romantismo, o Modernismo e mais recentemente com o Tropicalismo. Nesses momentos a busca por uma identidade cultural própria se acirra e na ânsia por uma "identidade brasileira" surgem discursos que podem levar a enganos já que a nação é uma construção idealizada, uma "comunidade imaginada", como disse Benedict Anderson, no sentido de que é uma abstração e, como tal, pode-se constituir em uma mistificação em torno de ideias fixas como as de essência e origem.
Portanto, ao perguntar-se por uma identidade nacional, tem-se que sempre ponderar que as culturas em todos os tempos imbricam-se, de modo que nenhuma é cultura é pura. Ao contrário, são todas hibridas, resultados de mesclas culturais que não remontam a nenhuma origem única. O Brasil é reconhecido por ser um lugar em que várias culturas se entrecruzaram, e continuam se entrecruzando, constituindo-se em um verdadeiro quebra-cabeça para os estudos culturais. O objetivo aqui proposto é o de refletir sobre as maneiras pelas quais as produções literárias do período colonial e dos primeiros instantes da nossa independência política já revelam os primeiros traços dessa busca por uma identidade nacional. 

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