Cláudio Manuel da Costa, escritor brasileiro teve grande importância e expressiva contribuição para a formação e consolidação de uma literatura nacional ao expressar características do Brasil em sua obra, através da representação de traços do que viria a se chamar de “nativismo” em nossa literatura. Criava-se a partir disso uma literatura que poderia chamar-se de autônoma, na qual se via, ao lado das características europeias na forma de escrever, mas a valorizção da literatura como uma forma de promover o desenvolvimento do local. Como escreve Antonio Candido:
Nesse processo verificamos o intuito de praticar a literatura, ao mesmo tempo, como atividade desinteressada e como instrumento, utilizando-a ao modo de um recurso de valorização do país – quer no ato de fazer aqui o mesmo que se fazia na Europa culta, quer exprimindo a realidade local. ( CANDIDO, 1981.p.9)
Seguindo esta ideia de valorização da pátria, o poeta Cláudio Manuel da Costa passou pela transição entre o estilo Barroco e o Árcade, abraçando este último como forma para escrever, com características do bucolismo literário, o qual, entretanto, não retratava o lócus amoenus da convenção neo-clássica, mas sim a natureza áspera e rude das pasisagens mineiras. O cenário rochoso de Minas é uma constante em seus versos que expressam mortificação interior causada pelo contraste entre o rústico mineiro e a experiência cultural europeia, como no soneto VIII:
Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos, e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos, e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Oh quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e as vezes, que baixando
Deixei do pranto o vale umedecido!
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
Ao falarmos de Literatura Brasileira, pensamos em como ocorreu a formação da literatura brasileira, de que maneira deu-se o seu início e continuidade, e para falarmos sobre este assunto, tomamos como base o autor Antônio Cândido em seu livro “Formação da Literatura brasileira”
Antônio Cândido aborda em seu capitulo “ O nacionalismo Literário” a forma como a Literatura surgiu e consolidou-se no Brasil:
O movimento arcádico significou, no Brasil, incorporação, da atividade intelectual aos padrões europeus tradicionais, ou seja, a um sistema expressivo, segundo o qual se havia forjado a literatura, ao mesmo tempo, como atividade desinteressada e como instrumento, utilizando-a ao modo de um recurso de valorização do país- quer no ato de fazer aqui mesmo que se fazia na Europa culta, quer exprimindo a realidade local. ( CANDIDO, 1981.p.9)
Um outro momento das construções poéticas deste autor em que vemos claramente o nativista é o seu poema intitulado “Vila Rica”, o qual fala de todas as riquezas que esta cidade possuía, os seus elementos materiais, mas acima de tudo valorizava os elementos naturais, característica de seu poema:
"Já desde quando no projeto vinhas
De encontrar as preciosas esmeraldas,
Eu te esperava deste monte às faldas.
O Deus destes tesouros impedia
Até aqui descobri-los, e fingia
Meu rosto aos homens tão escuro e feio
Por que infundisse em todos o receio."
(Vila Rica. Canto VIII, v.189-195)
De encontrar as preciosas esmeraldas,
Eu te esperava deste monte às faldas.
O Deus destes tesouros impedia
Até aqui descobri-los, e fingia
Meu rosto aos homens tão escuro e feio
Por que infundisse em todos o receio."
(Vila Rica. Canto VIII, v.189-195)
Referências:
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira, 2 vol. Belo Horizonte:Livraria. Itatiaia, 1981
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