O período depois do movimento arcádico se exprime através de dois fatores novos: A Independência Política e o Romantismo. Com a independência do Brasil, os anos subsequentes passaram por um problema relacionado à configuração de uma nova identidade, uma identidade própria, que tivesse uma imagem que o representasse, é possível afirmar esta idéia através do texto de Antonio Candido (1981):
A independência importa de maneira decisiva no desenvolvimento da idéia romântica, para a qual contribuiu pelo menos com três elementos que se podem considerar como redefinição de posições análogas do Arcadismo: (a) desejo de exprimir uma nova ordem de sentimentos [...]; (b) desejo de criar uma literatura independente, diversa [...] (c) a noção já referida de atividade intelectual não mais apenas como prova de valor brasileiro e esclarecimento mental do país , uma tarefa patriótica na construção nacional. (CANDIDO, 1981, p.11)
Neste sentido a literatura romântica ocupou um papel de destaque, pois constituiu uma literatura equivalente às européias, que buscava representar sua realidade própria mais voltada para a realidade brasileira, o que se chamava de “Literatura Nacional”. Mas o que era, para essa geração, o “nacional”?
Que se entendia por semelhante coisa? Para uns era a celebração da pátria, para outros o indianismo, para outros, enfim algo indefinível, mas que nos exprimisse. Ninguém saberia dizer com absoluta precisão; mas todos tinham uma noção aproximada, que podemos avaliar lendo as varias manifestações a respeito, algumas bastante compreensivas para abranger vários ou todos os temas reputados nacionais ( CANDIDO, 1981, p. 10)
Coube então à Primeira Geração Romântica, construir uma literatura cujas características traziam o nacionalismo, o patriotismo, o Indianismo e a forte religiosidade. Ou seja, os literatos dessa fase exaltavam o Brasil de forma exacerbada, escondiam as diferenças internas e transmitiam somente uma imagem idealizada de nossa sociedade.
Traziam em suas obras a figura do índio como um herói, espírito nobre, um ser de valores que representava honra, honestidade e lealdade. Cantavam em suas obras as belezas das palmeiras, as margens do Rio Amazonas, os costumes, a religião, as aves típicas como o sabiá e tudo de belo que possuía a região Brasileira.
Gonçalves Magalhães foi considerado o introdutor do Romantismo no Brasil com a publicação da obra Suspiros Poético e Saudades de 1836. Porém, quem realmente se consagrou como autor da primeira geração romântica foi Gonçalves Dias, que trazia a forte característica indianista em suas obras.
A forma reputada mais lídima da literatura nacional foi, todavia, desde logo, o indianismo que teve o momento áureo no meado do decênio de 40 ao decênio de 60 [...] Naquele momento encontrou em Gonçalves Dias e José de Alencar representantes do mais alto Quilate. (CANDIDO, 1981, p. 18)
O indianismo foi a forma mais reconhecida como literatura nacional, e a obra Primeiros Cantos de Gonçalves Dias, de 1846, decidiu o destino do indianismo. A partir daí a característica indianista se tornou para os contemporâneos a categoria que representava a poesia brasileira por excelência. Entre 1846 e 1865 surgiram os outros contos de Gonçalves Dias, entre eles: Os Timbiras, O Guarani, Iracema, A Confederação Dos Tamoios.
Gonçalves Dias inventava ou realçava aspectos do comportamento do índio que pudesse destacar nele o cavalheirismo e a generosidade. Trazia em suas obras uma visão do índio como lenda e como história. O valor dos costumes, as crenças, as tradições se misturam maravilhosamente em seus poemas.